Tiro Com Arco

BRASIL: SINÔNIMO DE ARCO E FLECHA?

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Já número 1 do mundo – o primeiro brasileiro a conquistar a façanha -, Marcus D’Almeida venceu hoje a Copa do Mundo de Tiro com Arco, no México. Os resultados e vitórias de Marcus não são por acaso, tampouco vem de simples condição financeira, eles ocorreram por causa de um projeto, de uma meta, de um plano seguido à risca desde os 13 anos do atleta, que decidiu se dedicar ao esporte.

O Tiro com Arco Brasileiro segue invisível, afinal, nunca teve relevância internacional até Marcus. Aliás, ele já era alçado a futuro campeão pelas revistas gringas há cerca quase uma década. Aos 16 anos de idade, foi Medalha de Prata dos Jogos Olímpicos da Juventude e chegou a ser chamado de “Neymar Arqueiro”. Embora tenha passado por provações difíceis e indigestas até chegar aqui, ele seguiu o curso e, depois de um desempenho moderado na última Olimpíada (terminou em 9º lugar), só decolou.

Estamos diante de um fenômeno, de um atleta talentoso e dedicado. Assim como temos a prova de que se o Brasil investir, de verdade, em esportes individuais longe da programação da Globo, os resultados vão chegar. Aqui em Brasília, o Centro de Treinamento da Seta Arqueria faz um trabalho de base invejoso, colecionando medalhas em diversas categorias e preparando a próxima geração. Clubes ao redor do Brasil também apostam em novos talentos, mas como esperar evolução sem patrocínios nacionais, com bancos de renome recusando investimento por “ser um esporte violento” – não existe NADA de violento no esporte, ele é bastante técnico e todas as flechas só voam na mesma direção, a do alvo -, sem cobertura decente na imprensa? Felizmente, os portais estão começando a prestar atenção com a carreira de Marcus.

Agora, a maior desculpa cai por terra: temos o Campeão da Copa do Mundo, o duas vezes bronze no Mundial, 1º do Ranking MUNDIAL e, merecidamente, o melhor arqueiro da HISTÓRIA DO ESPORTE NO BRASIL. Não estamos mais falando de um esporte irrelevante.

Estamos falando de um esporte que precisa de investimento, de introdução em nível escolar para a localização de talentos, de planos mais ambiciosos do Comitê Olímpico Brasileiro e de condições para o desenvolvimento de uma prática com origens tanto nos povos originários do Brasil quanto na tradição europeia, africana (desde a Era de Bronze, passando pelos Faraós) e oriental (Japão, China, Mongólia, etc.), ou seja, com uma carga cultural imensa.

Atualmente, cerca de 300 arqueiros participam das competições nacionais. Isso é muito pouco. Imagine a quantidade de gente jogando bola para descobrimos as Tamires, os Vini Jr e o volume de jogadores e jogadoras de vôlei para termos termos gerações e gerações de seleções sempre competitivas?

O Marcus está fazendo a parte dele. Quebrando recordes, colocando o país no mapa e nos anais do esporte. O surgimento de novos centros de treinamento, de fabricantes nacionais de arcos e flechas completa o cenário. Agora, resta saber: o que as entidades ligadas ao esporte brasileiro vão fazer? Aproveitar a oportunidade ou continuar fazendo de conta de que nada está acontecendo?

O povo brasileiro é empenhado e alcança seus sonhos. Mas nem só de futebol, vôlei ou natação vive o desporto nacional. Tá na hora de acertarmos o alvo.

Como cantou Geraldo Vandré, “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

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