Jon Favreau, Sam Rockwell e Don Cheadle conversaram com a Sci-Fi News nos bastidores de Homem de Ferro 2, o porta-voz máximo na nova geração de heróis no cinema!
Eis que chega ao fim a Primeira Grande Década dos Super-Heróis no cinema . Fantasias baratas, efeitos de segunda categoria e roteiros inexpressivos são coisa do passado. Stan Lee atribui o período a melhores orçamentos e a uma geração de diretores, técnicos e atores acostumada ao assunto. É o reflexo máximo da Era em que ser nerd deixou de ser esquisito e ícones de nicho alcançaram o mainstream, é a essência da cultura pop. E o Homem de Ferro é parte essencial desse cenário, pois sua estréia em 2008 abriu precedentes para algo além da popularização: a subversão do herói. Nada mais da luta pela vida secreta, começava o reinado de Tony Stark e dos heróis em conflito com um mundo real violento e pouco amigável com seus esforços. Homem de Ferro 2 é a prova de fogo para esse estilo arrojado, entretanto, há poucas dúvidas de que Robert Downey Jr. falhe com o personagem mais importante de sua vida.
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Essa trajetória, porém, não é exclusividade de Tony Stark. Seu diferencial é ter feito isso com sucesso. Quando o Homem-Aranha perdeu as estribeiras, as críticas foram impiedosas. Até mesmo Bruce Wayne só pode enfrentar sua crise sem problemas, pois, do outro lado estava uma das figuras da década: o Coringa de Heath Ledger. Ascensão e queda são elementos comuns na vida dos heróis, entretanto, tem sentido especial no mundo moderno. É preciso ser real e palpável. Pouca gente comprou o dilema do Superman de Bryan Singer, rapidamente deixado de lado. Por outro lado, quem não quer ser Tony Stark? Ele tem fama, dinheiro e a armadura mais legal do mundo! É a combinação perfeita para uma geração cercada pelo culto à fama, que deseja a riqueza pelo simples fato de ser rico e, na maioria das vezes, fica sentada esperando que tudo isso aconteça com o clique do mouse. É a recompensa imediata.
“A escalação de Robert Downey Jr. foi uma das escolhas mais brilhantes da década”, define Sam Rockwell, que interpreta o vilão Justin Hammer em Homem de Ferro 2, para a Sci-Fi News durante a vista ao set de filmagens. “Ele é um daqueles anti-heróis que causa idolatria por não respeitar as convenções e, ainda assim, encontrar espaço para fazer a coisa certa. Sempre tive a impressão de ver o mesmo efeito de quando começaram a escalar Jack Nicholson para fazer papéis inusitados na década de 70. Isso o torna tão, ou mais, interessante quanto os vilões… e claro, complica o meu trabalho! (risos)”.
Parte dessa dinâmica será mais aprofundada em Homem de Ferro 2, afinal, Tony Stark “é alcoólatra, tem problemas não resolvidos em sua relação com o pai e tem o ego mais inflado do planeta”, de acordo com Rockwell [que brilha no fantástico Lunar]. É o preço da fama contra a instabilidade emocional. Muito desse cenário vem da série Demônio da Garrafa, sem dúvida, o momento mais negro e crucial da vida do herói. Nada tão sério no filme, porém. Stark tem problemas maiores e imediatos: a ascensão de Justin Hammer (Rockwell), o surgimento de Whiplash (Mickey Roarke) e a pressão do Exército para confiscar a armadura do Homem de Ferro. “Mas o primeiro encontro entre Hammer e Stark não termina muito bem para meu personagem; digamos que ele fique com um pouco de medo da reação do adversário… só um pouco (risos)”, conta Rockwell, que teve apenas duas cenas com Robert Downey Jr.
Pela necessidade de ritmo cinematográfico, grande vantagem do primeiro filme, o Lado Negro de Stark deve ser explorado moderadamente dando preferência às cenas de ação e aos embates entre Homem de Ferro e Whiplash. Mas a presença da Viúva Negra (Scarlett Johansson) e a confirmação de Nick Fury (Samuel L. Jackson) fazendo mais uma participação nos filmes da Marvel reforça a, talvez, mais relevante contribuição do filme: um novo passo na formação da equipe de elite da S.H.I.E.L.D, ou seja, os Vingadores. Depois do primeiro Homem de Ferro, da participação do próprio Downey Jr em O Incrível Hulk, o início das filmagens de Thor e as ininterruptas especulações sobre o ator que interpretará Capitão América nos cinemas, esse grande quebra-cabeças que deve culminar com o filme dos Vingadores ganha proporções descomunais [Chris Evans para o papel foi escolhido depois da publicação dessa matéria].
Aliás, Homem de Ferro 2 vai ser a primeira chance de dois heróis atuarem em conjunto. É aí que entra Don Cheadle como Máquina de Combate. Substituindo Terrance Howard, que saiu do projeto por questões financeiras, o sempre competente Cheadle vai contribuir tanto para o aspecto dramático quanto na ação também. Ele vai vestir uma versão mais crua da armadura do Homem de Ferro e apresentar esse novo herói ao público. Ele se recusou a falar sobre a armadura de seu personagem em nossa visita ao set de filmagens, mas era um segredo bobo. E o trailer surgiu para confirmar tudo: Máquina de Combate está lá. “Tony acha que suas idéias para a armadura são as melhores, mas, como bom militar, Rhodey acredita que colocar o equipamento nas mãos do exército é a melhor opção”, comentou o astro de Hotel Ruanda. “Surge uma tensão entre eles por conta disso, mas isso é transformado em ponto positivo ao longo da trama”.
O cenário comercial é muito diferente. Em apenas dois anos, o cinema viu o surgimento de Avatar e a explosão da tecnologia 3D. O Cavaleiro das Trevas elevou a demanda dramática no gênero e a exposição midiática de Robert Downey Jr. quadruplicou (Trovão Tropical, Sherlock Holmes, etc). É um novo jogo, que Jon Favreau tem jogado com intensidade. Não deixa passar um dia sem interagir com seus fãs pelo Twitter, divulga fotos e até mesmo os trailers antes de sequer serem exibidos na TV. Ele sabe das mudanças e da pressão extra: “o IMAX e o 3D mudaram as regras, mas vamos manter película normal”, disse o diretor antes do início das filmagens. Entretanto, mudou de idéia sobre o IMAX, mas nada de conversão para o 3D. Boa notícia. Jogada de segurança, mantém o foco num formato de sucesso. Exemplo clássico de “em time que está ganhando não se mexe”.
E, nesse momento, não apenas um time, mas a maioria dos longas-metragens inspirados nas HQs tem se dado bem. Não é moda ser nerd ou gostar de quadrinhos, esses dois elementos simplesmente deixaram de ser vistos como subcultura. É a vitória da cultura pop e o Homem de Ferro é seu porta-voz máximo, quer gostem, ou não.
por Andrea Cangioli (reportagem) e Fábio M. Barreto (reportagem e texto), de Los Angeles
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Adorei o filme. Impossível imaginar outro ator como Tony Starks. Mas não é só Downey Jr. que faz o filme ser ótimo, adorei Mickey Rourke, fotografia, figurinos e a trilha sonora. Foram duas horas de pura diversão que passaram voando.
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como sempre um dos melhores textos sobre um lançamento!
Assistirei na próxima semana, tô esperando que o nível seja mantido.
Boa análise dos filmes baseados em super-heróis!
E realmente, HQ não é mais sub-cultura.
Abraços.
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Excelente matéria, parabéns. :}