A entrevista completa de J.K. Simmons já foi publicada. Para ler, clique aqui.

Tive que reduzir um pouco a quantidade de risadas e de brincadeiras, afinal de contas, o mundo lá fora é chato! 🙂

Mas a sacanagem com a peruca continua! 🙂

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Leia na íntegra:

J.K. Simmons é mais conhecido no Brasil como J.J. Jameson, o dono do Clarim Diário, o jornal onde trabalha Peter Parker, nos filmes do Homem-Aranha, mas é dono de uma impressionante voz e carreira nas séries de TV.

Entre seus maiores sucessos de crítica está o seriado Oz, no qual ele interpreta Vern Schillinger. Teve participação fixa em The Closer e coleciona grande número de participações em séries de sucesso como Os Simpsons e West Wing. No cinema, esteve em O Suspeito, Obrigado por Fumar e atuou ao lado de Kevin Costner, em For the Love of the Game.

Ficou surpreso com as indicações de Juno ao Oscar?
J.K.Simmons: Não fiquei. Foram as quatro indicações que a gente esperava conseguir. Eu esperava, incluindo a do Jason. Eu nunca penso nisso. Na verdade, entro para fazer um filme e só me lembro dos prêmios quando a temporada de premiações começa.

O que atrai a atenção no filme?
J.K.Simmons: É um filme que não é feito com a “cabeça de Hollywood”. O foco é contar a história que precisa ser contada, nada de mudar o roteiro por pressão dos produtores, por exemplo. Por isso todo mundo gostou do script. O objetivo é ser bem amplo, não atingir apenas um grupo específico. E foi gratificante, pois atraiu uma parcela muito diversa de pessoas. Idades, etc. Cruzou todas as barreiras.

E qual a mensagem que tanto impressiona no roteiro?
J.K.Simmons: É sobre amor e aceitação. Um pouco de amizades. E sobre pais, biológicos ou não. Algumas pessoas querem provar que existem interesses políticos, mas eu acho que é apenas a história dessas pessoas e de como elas reagem a essa situação difícil.

E é por aí mesmo. É diferente não ser o cara durão dos filmes Aranha, Oz e The Closer?
J.K.Simmons: Essa foi uma oportunidade de mostrar outra vertente em que eu posso atuar. Ser um pai. Existem muitos tipos de pais para fazer. Posso fazer o pai do cara durão, o pai do vilão, um pai maldoso. Acho que vou acabar fazendo isso um pouco. E tem chegado muito roteiro assim para mim. O que pode ser interessante.

Você gosta?
J.K.Simmons: Bom, eu gosto, pois sou pai. O que é muito bom. E, quando Jason [Reitman] disse que escreveu o roteiro pensando em mim para o papel, percebi que fazia muito sentido mesmo. Assim como ele sabia que precisava da Ellen Page, do Michael Cera e da Alysson Janney. Ele tinha o elenco em mente. Quando você é confrontado com algo assim, dá para saber que existe muita segurança no sujeito e ele sabe exatamente que tipo de filme ele quer fazer.

E você e Alysson mostram grande química na tela…
J.K.Simmons: É um grupo muito divertido. Por causa da natureza do filme, acabei trabalhando com praticamente todo mundo do elenco principal, os sete principais. Especialmente a Ellen.

E que tal ela?
J.K.Simmons: Ela é ótima. Entusiasmada. Tem uma carreira longa, mesmo sendo jovem, começou com dez anos de idade. Ela sabe o que está fazendo ali, não tem bobagem ou brincadeira. Uma das coisas que me surpreenderam e me deixaram feliz foi a capacidade que ela tem de escutar. Que é fundamental quando se é um ator. Não é algo que se vê todo dia.

É algo bem difícil de se encontrar hoje, aliás.
J.K.Simmons: É uma qualidade importante no palco ou no set. Isso fez com que o filme fluísse melhor. A gente acabava ouvindo muito o que os outros tinham a dizer enquanto esperávamos nossa vez de entrar em cena. A integração nascia daí.

Quem é o mais durão: Jameson ou Schilinger?
J.K.Simmons: (risos) Fico com o Vern [Schilinger], acho. O Jameson ainda não matou ninguém, que eu saiba. (risos)

Você gostou de usar a peruca para criar o J.J. Jameson?
J.K.Simmons: (depois de muitas risadas) Tinha que ser feito, pelo visual. Porque o visual é uma das grandes características daquele personagem. Então, foi pelo bem do filme. Não podia evitar. Colocar coisas na minha cabeça não é algo que eu goste de fazer com freqüência, mas era o jeito. Até ficou parecido, não é? (mais um pouco de risadas).

Não posso fazer nada, você é o cara que diz que só confia no seu barbeiro. E, sim, ficou fantástico.
J.K.Simmons: Obrigado. Como você ficou sabendo do meu barbeiro?

Você falou no primeiro filme. Mas foi improviso, não é? Então, foi daí. Bom, não posso evitar, Homem-Aranha 4. Já falaram com você? Tem contrato assinado? Vai reprisar o J.J. Jameson? Comprou peruca nova?
J.K.Simmons: Tive muitas conversas já e discuti algumas idéias de desenvolvimento para o personagem. Sabe como é, o normal, mas ainda não há nada certo e definido sobre as filmagens.

Ah, então já falaram de filmagens!
J.K.Simmons: Não, não disse isso. (risos) Apenas recebi algumas ligações. Muitas, aliás (mais risos). No caso do filme, se feito mesmo, as chances de que eu participe são bem grandes.

Sua filmografia contém muitos filmes de peso e impacto, como O Suspeito, Obrigado por Fumar e a própria série Oz. Você gosta de participar desse tipo de projeto que incomoda a sociedade?
J.K.Simmons: Não que isso seja uma prioridade, mas precisa valer a pena e ser interessante fazer. Se o roteiro estiver bem escrito e for capaz de fazer as pessoas pensarem no nosso mundo, são normalmente atrativos.

Mas funciona?
J.K.Simmons: Acho que isso é supervalorizado. Acho que acontece e pode provocar mudança, às vezes. É um efeito pequeno, um sujeito aqui, outro ali. Aos poucos. Mas essa é a verdadeira razão para tudo isso, fazer com que as pessoas pensem e reflitam e não, necessariamente, fazer propaganda política. Eu não ligo para isso.

Isso é parte da função do cinema?
J.K.Simmons: Não sei nem se sou qualificado para fazer isso. Eu me considero parte da indústria, não tento ver todo o engajamento que algumas pessoas defendem. O que me importa, na verdade, é o processo pelo qual passo e ajudo num filme. É algo como se preocupar com a jornada em si, não com o destino. Tento ser mais neutro. Encaro uma cena por vez, um passo por vez. Por isso é importante ter diretores como os irmãos Coen e Jason, que realmente têm o filme todo mentalizado. Eles sabem exatamente como comunicar isso a todos os atores e, conseqüentemente, ao público. Mas, para mim, pelo ponto artístico, é isso que separa um grande diretor de um diretor qualquer.

Quem vai ganhar o Oscar de direção?
J.K.Simmons: Previsões. Isso é tão bobo. As indicações ajudaram muito o nosso filme. Nossa.. Eu nem mesmo faço parte dos votantes.

E a greve dos atores, o SAG (Screen Actors Guild)? O que podemos esperar?
J.K.Simmons:
Tive algumas conversas. E depois de tudo que vimos acontecer com os roteiristas, esperamos muito que a solução seja mais ponderada no caso dos atores. O fato de a greve dos roteiristas ter acontecido antes e durado tanto tempo deixa claro que isso não pode voltar a acontecer. Estou muito otimista e acredito que estejamos numa posição delicada, pois, se o SAG parar agora…

Seria uma catástrofe para Los Angeles e para a indústria.
J.K.Simmons: Os atores parando. Tudo pára. Não há filmes. Realmente acho que não vai acontecer.

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

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1 Comment

  1. Adorei a entrevista!
    Parabéns!
    😛

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