O conto de ficção científica “O Céu de Lilly”, lançado em 2013, inicia captação de recursos financeiros para adaptação nos cinemas, colocando o Brasil no radar mundial do gênero.

Contar histórias é viciante. Quando a gente toma a primeira dose, um mundo de possibilidades se abre e tudo fica mais fantástico, insano e, ao mesmo tempo, catastrófico no momento em que outros formatos entram em jogo. Minha história como jornalista começou a se misturar com a literatura e o cinema em 2011, ainda em Hollywood. Resolvi estudar cinema para ser um jornalista melhor, terminei apaixonado pelo formato e, sem ter dinheiro para produzir minha primeira ideia megalomaníaca, acabei publicando “Filhos do Fim do Mundo” como livro. Afinal, o livro é o filme sem limite de orçamento. No papel, tudo é possível. “O Céu de Lilly” foi a continuação imediata disso, um experimento, um conto bem curto e escrito numa sentada só, dentro do ambiente pós-apocalíptico de uma invasão alienígena.

Espera aí, mas o nome no título não é Lili, com “i”? Errou? Não!

É aí que o tempo, a evolução e o cinema começam a intervir.

A primeira versão do conto, ainda disponível em sua forma original na Amazon, foi escrita enquanto eu morava em Los Angeles. Logo, havia uma influência muito grande do que eu lia e, claro, o meu desejo de começar uma carreira por lá. Por isso, a primeira versão da personagem é Lilly, com “y”, uma garota ruiva vagando pelos Estados Unidos, mesmo sem eu dizer isso assumidamente. A cor do cabelo foi propositalmente escolhida para contrastar com a neve e criar um visual específico.

Porém, anos depois, quando a Francis De Toni traduziu o conto para o inglês, batizado “The Shattered Sky”, alguma coisa começou a me incomodar. Mais alguns anos no futuro, já aqui em Brasília, um produtor pediu um roteiro a toque de caixa. Trabalhei 3 dias na ideia original, mas não fazia sentido. As imagens, os lugares, as sensações não seriam adaptáveis aqui no Brasil.

O incômodo fez sentido: eu precisava adaptar.

Foi assim que Liliana, brasileira de mãe negra e nordestina, nascida em Brasília, foi condenada a um mundo sem esperança. No fundo, somos o resultado do nosso meio, do nosso mundo, e meu mundo é aqui agora.

E é essa versão, abrasileirada, evoluída e que vai muito além das 17 páginas originais, e muito mais ampla em termos sociais e narrativos que vai para o cinema.
Se tudo der certo.
Claro.

Afinal, “se tudo der certo” é a diferença entre um sonho, muitas horas na madrugada e fins de semana sacrificados, e um sucesso nas telas.
Mas tudo começa pelo orçamento.
E aí, minha gente, é que a coisa aperta.


LEI DO AUDIOVISUAL

Nesse momento, “O Céu de Lili” está em fase de captação de recursos. Recebi com uma felicidade extrema a notícia da aprovação da ANCINE para o financiamento do projeto. É a primeira vez que temos uma carta de captação.

Como isso funciona?
Bem, de forma resumida, a autorização da ANCINE para levantar fundos está vinculada à Lei do Audiovisual. Ela permite que empresas com lucro real, ou seja, companhias de grande porte, redirecionem parte do pagamento de impostos devidos à União para projetos culturais como “O Céu de Lili”. Num país sem a cultura do investimento comercial em filmes, como o Brasil, esse incentivo é a melhor alternativa que temos. E ainda bem que temos. Seria muito mais fácil se um estúdio ou empresa privada (ou um grupo delas) financiasse os filmes? Seria. Alguém faz? Não. E os fatores são muitos, mas não vou entrar nesse tema aqui.

De qualquer forma, esse é o momento e é o que temos em mãos para tentar fazer acontecer.

Nós também estamos aguardando o resultado de um edital de co-produção internacional com uma parceira de Portugal, que pode já resolver 60% do nosso orçamento. A primeira fase – documentos – já foi vencida, agora estamos aguardando a avaliação da proposta, dos currículos e do roteiro.

Chegamos até aqui graças ao trabalho com Cláudia Mannvier (produtora executiva), da Distrito Filmes, e Tércio Garofalo (diretor de fotografia), da Candeia Filmes. E é essa equipe que – “se tudo der certo” – vai realizar “O Céu de Lili” e transformá-lo no sucesso de bilheteria e crítica.

A jornada é longa e farei o possível para passarmos por essa primeira etapa crítica.
Vou mantendo vocês informados!

Até lá, é muito trabalho, muitas reuniões e muito afinco para que o “se tudo der certo” seja apenas uma brincadeira e o resultado seja alcançado como desdobramento de uma grande história, feita com carinho e responsabilidade narrativa e fiscal.

Estou empolgado!

E você? Leu “O Céu de Lilly”? Deixe sua opinião aí nos comentários! E, claro, espalhe a notícia para seus amigos que gostam de literatura e cinema!

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

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