Alguém pode fazer o favor de apertar o botão de “Pause” do mundo por uns dois dias? As últimas semanas têm sido realmente malucas e ininterruptas para quem está baseado na Costa Oeste. Começou com aquela loucura da Comic-Con, mas, diferente de outros anos, a semana de descanso não aconteceu, pois era hora de entrar na maratona televisiva do TCA e das entrevistas da HBO. A expressão “o tempo não pára” nunca foi tão real. Nem é questão de reclamar, mas sim de enfrentar a exaustão e a dor.

Quase ninguém sabe, mas tive uma lesão feia no pé esquerdo há um tempo e ela piorou durante a Comic-Con. Andei tudo aquilo no sacrifício, muitas vezes esquecendo a dor e a existência do machucado. Lembrava dele nos poucos intervalos ou quando ficava em pé nas longas filas do Hall-H. Nada disso interrompeu o trabalho. Reduziu o ritmo, mas as entrevistas foram todas realizadas. Aos poucos, elas vão sendo publicadas aqui, na Sci-Fi News, no Terra e em outros veículos que tiverem interesse. Adoro aquele ritmo, mesmo que encontre rostos indesejáveis pelo caminho. A politicagem ainda domina o jornalismo brasileiro, mas enfim, é legal saber que meu trabalho é respeitado mesmo com tanto safado inventando mentira ou falando abobrinha pelos bastidores. Coisas do jornalismo. Eu pelo menos tenho revista, publicada todo mês, com capacidade de cumprir promessas aos distribuidores e atores.

Mas falemos de coisas boas. A cobertura foi ótima do ponto de vista impresso. Queria ter feito mais coisa no âmbito online, mas acabei focando o trabalho no Twitter e nas fotos enviadas direto da feira. Foi um aspecto inesperado e nada planejado, porém, responsável por bom resultado. O número de seguidores subiu bastante e, pelo que recebi de feedback, valeu a pena. Vou me programar melhor para os próximos eventos nesse aspecto.

Ver a força de Scott Pilgrim vs. The World me espantou, mas nada se compara ao saber que o filme foi transferido para o fim do ano no Brasil. Cada vez mais, vejo o hype como uma coisa norte-americana e online. Não se traduz para outros países. Kick Ass sofreu do mesmo e não importou o fato de ter capa de Empire, milhares de pessoas na internet e uma baita campanha de marketing para dar força ao filme no Brasil. Entrou e saiu de cartaz rapidinho. Acho que Scott, Ramona e seus amigos indies e videogamemaníacos vão sofrer do mesmo problema. De qualquer forma, o Scott Pilgrim Experience foi fantástico, as entrevistas mais ou menos – grande problema de muita gente na mesma mesa, mas rendeu; especialmente o papo com Brandon Routh, que já tinha conversado sobre o filme de World of Warcraft comigo antes desses boatos começarem a sair, mas enfim, tem mais surpresa guardada aqui – e o filme é bastante divertido. Por outro lado, Tron foi fantástico. Entrar no Flynn’s Arcade foi algo lindo. E valeu cada segundo.

Isso tudo cansa um bocado. Claro que a companhia da Laura Buu e do Borbs aliviou bastante o peso, pois quando as coisas acontecem de forma divertido, elas valem mais a pena. Foi ótimo! Momentos de grande amizade ali. Quando voltei, apenas um dia de descanso. Set visit de Big Love estava agendado, depois entrevistas de True Blood, um dia inteiro vendo séries e entrevistando atores da ABC, outro dia com séries do Sony e AXN e algumas séries do AMC. Muita coisa? Bem, não acabou. Sexta-feira tem James Cameron, no lançamento do Avatar Special Edition [atualizado: que já está nos cinemas]. E, para fechar com chave-de-ouro, sabadão vai rolar entrevista com Martin Scorsese e elenco de Boardwalk Empire. Essa vai ser exclusiva para a América Latina. Muito animal!

Nesses períodos, o trabalho é movido por pura adrenalina e paixão. Não há outra explicação. É algo similar àquilo que vemos nos filmes, quando um sujeito toma um tiro ou uma porrada, mas termina de fazer o que precisa fazer e só depois percebe que está arrebentado. É mais ou menos assim que me sinto nessas horas.

A cabeça fica meio alucinada. Numa hora estou dormindo num albergue; na outra entrevistando Chevy Chase, enquanto Matthew Pery e Malcolm McDowell tomam uísque ao meu lado. As horas se embaralham, os lugares se misturam. Sobram as histórias e as emoções. Fiz uma conta rápida e estimo mais de 85 entrevistas feitas em duas semanas. É conversa demais, mas é sempre por uma boa causa. E a maioria dessas entrevistas marcam minha vida.

É um bom momento profissional e, por que não, pessoal. Encontrar com gente como Chase, Robert Carlisle, Bruce Boxleitner, Matthew Perry, Alan Ball, Jeff Bridges, enfim, uma série de grandes nomes fundamentais para minha criação cinematográfica e televisiva. É uma daquelas situações em que os fins justificam os meios. Pessoalmente, a conclusão é o encontro, o momento, aquele pequeno intervalo de tempo em que o ator precisa – por obrigação ou contrato – falar e responder. Por instantes somos amigos, temos uma relação próxima, e sorrimos no processo. Quando termina, voltamos a ser perfeitos estranhos. Tantos rostos, tantas perguntas. Impossível de lembrar.

A perna ainda dói muito. Os analgésicos têm me derrubado nos últimos dias. Muito sono e pouca melhora. Mas a vida continua, as entrevistas também e agora com a MTV, o SOS Hollywood cresce mais a cada dia. Só espero que o corpo acompanhe o ritmo. 🙂 Mas descansar um pouco viria a calhar. Ufa!

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto novelista de ficção, roteirista e diretor de cinema e TV. Atuou como criador de conteúdo multimídia, mentor literário e é escritor premiado e com vários bestsellers na Amazon. Criador do podcast "Gente Que Escreve" e da plataforma EscrevaSuaHistoria.net.
Atualmente, vive em Brasília com a família.

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8 Comments

  1. É sério, é difícil não sentir um orgulho de ter acompanhado esse site crescer desde o começo. Cada texto que leio sobre o quanto você está ralando por aí ou sobre novas parcerias, eu me sinto cada vez melhor, como um amigo que se deu bem na vida. Meus mais sinceros parabéns, cara.

  2. Bem, deve ser desgastante mesmo mas como você disse, gratificante. E com certeza um mundo muito louco, mas que eu adoraria presenciar, nem que seja uma única vez!!

    Parabéns pelo crescimento visível do site, nosso primeiro encontro não foi algo, digamos, muito amigável, mas aquilo são águas passadas e eu respeito e admiro seu trabalho. É bom quando fazemos o que gostamos, mesmo que isso nos leve a exaustão.

    Sério que vai ter outro DVD de Avatar? Merda! Eu já comprei o meu.. Porcaria… E estou descapitalizada pra investir em tanta coisa. Acabei de adquirir todas as temporadas de House, estou completando a minhas temporadas de ER, e ainda vem Supernatural por aí, comprei alguns outros filmes que queria, além de DVD’s de shows de banda de rock.. Então sem chance de eu comprar Avatar de novo.. Que droga!

    Fique bem, e cuidado com esse pé (e/ou perna). Como boa fisioterapeuta que eu sou, eu sei bem o que isso pode levar e como dói.

    Abraços

  3. A preocupação pela sua saúde se mescla com o orgulho de vê-lo alcançando um merecido lugar de destaque no jornalismo.

    Você lutou e venceu (apesar do jogo sujo de gente que não consegue viver sem prejucar outras pessoas) de maneira limpa e digna, esta é a maior vitória que você poderia almejar.

    Minhas orações serão pela sua melhora e minha torcida é para que sua realização profissional se consolide cada vez mais.

    Beijo

  4. Oh, God! James Cameron? Pergunta se Avatar tem relação com “O segredo do abismo”. Brincadeira. =D

    Sou apaixonada por esse filme, mesmo que seja um dos menos comentados do Cameron. Assisti ele tantas vezes em looping que ainda devo saber as falas dos personagens.

    Ainda bem que te conheci antes dessa loucura, que depois de MTV e todas essas entrevistas fantásticas meus e-mails iriam acabar no lixo eletrônico. uehuehuheuhe

    Quando você trabalha com o que gosta, parece que o cansaço fica em segundo plano. Quando se quer fazer algo bem… dorme-se pouco, mas vale a pena.

    Já nem sei mais o que eu estou falando… também ando dormindo pouco. =D

    Muito sucesso ao SOS Hollywood!

  5. Só posso desejar muito, MUITO mais sucesso para o SOS Hollywood e que você tenha em breve um belo e merecido descanso, Barretão.

  6. Só faltou terminar o email com “e meu site cresce cada vez mais e mais, enquanto que o seu diminui” =P

    brincadeira, barretón… o sucesso é merecido!

  7. Email?!?! Meu Deus, eu estou maluco! Post! Post!

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