Mais segura, atraente e cada vez melhor, TV atraí grandes nomes do cinema e, aos poucos, se torna o formato predileto de Hollywood.
Astros como Glenn Close, Tim Roth, Kiefer Sutherland, Anna Paquin e Joseph Fiennes já migraram do cinema para a TV e abriram os olhos de Hollywood para uma nova possibilidade: apostar num emprego fixo, normalmente de médio ou longo prazo, longe do cinema. O veterano Sam Neill se junta ao grupo por conta do seriado Happy Town, um suspense com pretensões conspiratórias, que a ABC pretende estrear na próxima mid-season. A razão da mudança é simples: segurança financeira.
Por mais que a idéia da greve dos roteiristas ainda assombre o mundo televisivo, duramente afetado pela paralisação, o formato tem atraído mais que o cinema. Alguns fatores têm ajudado: aumento na qualidade tanto visual quanto textual [roteiristas de cinema também estão preferindo trabalhar em TV], maior exposição de mídia e público e salário garantido pela metade do ano. Muitos atores que abandonam a TV e buscam o cinema reclamam da rotina, do fato de trabalharem todos os dias no mesmo lugar, mas isso surge com elemento reconfortante para pessoas acostumadas com a natureza nômade dos filmes.
Sam Neill apostou em algo que lhe faz bem: mistério, suspense e uma pitada de sobrenatural mainstream. Twin Peaks é a referência mais direta, porém, Happy Town – que de feliz não tem nada – está repleta de menções a Stephen King, Neil Gaiman, A Pequena Loja dos Horrores e tantos outros marcos da ficção, terror e suspense. No roteiro, uma cidadezinha se vê novamente assombrada por um criminoso perfeito, o Magic Man, responsável pelo desaparecimento de diversas pessoas. Tal mistério será solucionado ao final da primeira temporada e agradou a Neill, cujo personagem é um cinéfilo inveterado, dono de uma loja de memorabilia cinematográfica e, claramente, ligado ao tal sujeito que aterroriza a cidade.
Em entrevista a este repórter, ontem, em Los Angeles, Sam Neil atribuiu sua escolha ao sentimento de tranqüilidade inerente ao trabalho em TV, que ocupa cerca de 35 semanas num ano e gera retorno financeiro suficiente para se levar uma vida tranqüila sem correr atrás de roteiros mensalmente. Parte desse conforto, porém, é culpa de canais como HBO e Showtime, que elevaram imensamente os parâmetros de qualidade televisiva e, cada vez mais, se vêem atores atribuindo comentários anteriormente exclusivos de seus trabalhos em cinema, para os projetos de TV. É o famoso “um filme mais conciso por semana”.
É um momento especial na história desses dois meios, cuja distância qualitativa sempre foi gritante. Câmeras digitais ajudam, assim como investimentos maiores em efeitos. O resultado formidável de Battlestar Galactica mostrou isso, assim como a preocupação técnica de Lost ou True Blood, e já começa a prejudicar séries com mais pretensões, como por exemplo, FlashForward, primeiro seriado estrelado por Joseph Fiennes. O roteiro tem premissa genial – o mundo todo apaga por 2 minutos e cada pessoa tem uma visão de seu futuro – mas visualmente trouxe um primeiro capítulo mais próximo do orçamento e da assinatura visual da televisão, não do cinema, inevitavelmente causando estranhamento se comparado a seus semelhantes bem-sucedidos.
Não é o caso de Happy Town, cujo maior foco é no drama e nesse mistério kinguiano. Sam Neill é, de longe, o melhor atrativo do seriado, cujo restante do elenco é de atores pouco expressivos fora da telinha. O mais famoso ali é Stephen Weber, da série Wings. Mas nada é centrado em Neill, que deve servir como âncora e demonstrou boa forma no piloto temporário apresentado à imprensa internacional.
Merece atenção.
Fábio M. Barreto
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Eu gostei muito do promo, e estava curioso pra ler uma opinião sobre Happy Town. Que bom que merece atenção. Outra coisa, acho super legal astros do cinema na TV, e todos que você citou estão mandando muito bem.
Abraço.
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Como sempre mais um review sensacional !!!
O Plot é interessante, vamos ver o q vai dar, pena que no Brasil o nível da programação despenca o invés de melhorar