Mesmo quando a tranqüilidade reina, a alma não encontra descanso na Campanha do Pacífico, por colocar os fuzileiros navais em contato com sua humanidade e os sentimentos há muito esquecidos, como amor e felicidade.
por Wikerson Landin, do Portal de Cinema.
Em uma série, episódios de transição são sempre marcados por duas características: excesso de informações para justificar o desenvolvimento de um trama, muitas vezes apresentada superficialmente, e reviravoltas mirabolantes que colocam a produção num rumo completamente diferente.
No entanto, embora o episódio Melbourne da série The Pacific represente um momento de transição na trama, seu comportamento em relação à característica-padrão é completamente distinto. E o mérito, nesse caso, é dos dois capítulos anteriores, o que nos mostra um roteiro bem estruturado e, principalmente, bem pensado para a TV.
Os dois primeiros episódios mergulham o espectador direto na ação, sem dar muita margem para que conheçamos à fundo as suas histórias. Embora reflita exatamente a maneira como os soldados foram “lançados ao mar”, sem saber exatamente contra quem lutariam, a estrutura adotada revela um outro aspecto interessante.
Em uma série de TV, não há nada mais importante do que cativar um espectador em seus primeiros episódios. E o marketing e a publicidade entorno de The Pacific foram grandes demais para a série dar margem a alguma decepção advinda de um episódio mais lento ou menos movimentado em termos dramáticos.
Assim, no episódio Melbourne temos a saída dos soldados americanos que resistiram bravamente à batalha desigual em Guadalcanal. A sensação de dever cumprido e a recepção digna de heróis na cidade australiana de Melbourne permite à trama acompanhar um período de fôlego dos combatentes, que só voltariam a lutar quase um ano depois.
Enquanto Robert Leckie (James Badge Dale) personifica um romance com uma garota da cidade – algo comum à muitos dos fuzileiros na época já que, devido ao fato da maioria dos homens estarem lutando em outras frentes “sobravam” mulheres na cidade – por outro lado John Basilone recebe a honraria máxima do exército norte-americano, concedida pelo presidente Roosevelt.
Se os romances nascidos em meio à guerra parecem fadados à separação do combate que se aproxima, da mesma forma a ilusão do uso e da criação de heróis também surge com uma sombra onipresente e belissimamente ilustrada numa fala do Tenente Coronel Lewis Puller (o ótimo William Sadler).
“Vender histórias de guerras americanas é tão importante quanto manter vidas. Quantas histórias você vai vender falando deles contra nós?” Pelo jeito, assim como Band of Brothers, The Pacific se sairá muito bem em sua missão. É inegável a importância de se contar histórias como essa, mas também é impossível deixar de pensar o quanto ela é oportuna para um país que tem na indústria bélica uma fatia considerável do seu faturamento.
Achei este episódio mediano. Ele foi importante pro desenvolvimento de alguns personagens, mas deu uma quebrada sinistra no ritmo dos dois anteriores.
E o James Badge Dale é simplesmente excelente.